Revista “Science” elege molécula que edita DNA como o maior avanço científico de 2015
A seleção anual das 10 maiores novidades da ciência é feita por editores do periódico
O periódico científico Science elegeu o avanço da ciência mais importante de 2015: a CRISPR. Essa molécula possibilita que partes do genoma sejam recortadas, deletadas e substituídas como se fossem arquivos digitais de computadores para alterar o DNA de determinado organismo. Outras nove realizações científicas também foram escolhidas pela revista. O resultado das vitoriosas foi publicado na edição desta semana da publicação.
A seleção anual dos dez avanços científicos mais importantes do ano é feita por editores do periódico Science. Para os profissionais, a molécula CRISPR – possibilita que partes do genoma sejam recortadas, deletadas e substituídas como se fossem arquivos digitais de computadores para alterar o DNA de determinado organismo – foi a grande vencedora da disputa. O procedimento já foi usado na edição de genes de embriões humanos e também na criação dos primeiros macacos geneticamente modificados.
No entanto, após selecionarem os dez avanços vitoriosos, a Science pediu ajuda para seus leitores e para alguns cientistas para estabelecerem a ordem dos escolhidos. De acordo com o periódico, para os entrevistados, apenas um advento ficou acima da molécula CRISPR: o estudo científico realizado pela sonda New Horizons em Plutão.
Confira a lista dos Dez avanços científicos mais importantes de 2015, de acordo com a ordem escolhida pelos leitores e cientistas:
Dez avanços científicos mais importantes de 2015. Veja abaixo as imagens de cada um dos itens.
Sonda New Horizons em Plutão
A sonda espacial New Horizons fez um voo rasante histórico, de 12 500 quilômetros de altitude, em Plutão, no dia 14 de julho. Essa foi a maior aproximação já feita do planeta-anão. As fotos capturadas pela missão mostraram uma diversidade de cenários que encantou os leitores da Science: o céu azul de Plutão, um mar de nitrogênio e montanhas cobertas por água congelada.
Foto: NASA/JHUAPL/SwRI/Divulgação
Molécula CRISPR
A molécula CRISPR possibilita que partes do genoma sejam recortadas, deletadas e substituídas como se fossem arquivos digitais de computadores. O sistema usa moléculas de RNA como guias que levam os cientistas até as sequências específicas do DNA que precisam ser modificadas. Por usar esse princípio, ele é o mais simples, preciso e eficiente editor de genomas já desenvolvido. Esse método, que ganhou fama em 2013, foi usado no ano seguinte para criar os primeiros macacos transgênicos. Para os editores da Science, esse foi o a maior avanço científico de 2015, ano em que a popularidade da enzima aumentou devido aos usos incontáveis da CRISPR.
Foto: S. Dixon/F. Zhang/Divulgação
Vasos linfáticos no sistema nervoso
Até 2015, os cientistas acreditavam que o sistema linfático – rede complexa de vasos e de nódulos linfáticos que transportam moléculas do sistema imune dos tecidos de volta para o sistema circulatório – não existia no cérebro. No entanto, neste ano, cientistas da Escola de Medicina da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, descobriram estruturas que comprovam que o cérebro está diretamente ligado ao sistema imunológico. Essa descoberta pode ajudar na compreensão de doenças neurodegenerativas, como o Mal de Alzheimer.
Foto: VEJA.com/Divulgação
Vacina contra o ebola
Entre 2014 e 2015, a epidemia do ebola matou mais de 11 mil pessoas na África Ocidental. Em uma tentativa de tentar frear o avanço da doença, a Agência Pública do Canadá em parceria com a empresa farmacêutica alemã Merck criaram a vacina VSV-ZEBOV. O experimento teve um resultado muito positivo: proteção de 75 a 100% das vítimas expostas ao vírus ebola.
Foto: Ahmed Jallanzo/EFE
Emaranhamento quântico
O emaranhamento quântico já era um grande conhecido da física. No entanto, em 2015, os cientistas conseguiram demonstrar esse fenômeno em um teste de extensão jamais vista. No experimento, instantaneamente, induziram uma partícula a alterou a propriedade de outra que estava a uma distância de 1,3 quilômetro. Devido ao fato de ser um fenômeno instantâneo, Albert Einstein já havia debatido a teoria. Para ele, o emaranhamento quântico é uma “ação fantasmagórica à distância” – devido ao fato de que nada viaja mais rápido que a luz. No entanto, físicos já provaram que esse fenômeno não viola as leis da relatividade.
Foto: VEJA.com/Divulgação
Psicologia replicada
Em 2011, cientistas começaram a perceber a fragilidade de muitos estudos sobre psicologia experimental. Por isso, um grupo de 270 psicólogos, em 2013, deu início a um processo que tentava replicar grandes e importantes experimentos. No entanto, a conclusão do procedimento saiu apenas em 2015: 61% das 100 pesquisas científicas foram reprovadas, ou seja, ao se tentar replicar os experimentos, os resultados tinham sido diferentes.
Foto: VEJA.com/VEJA
Mais um membro para a família humana
Em setembro deste ano, pesquisadores descobriram uma nova espécie do gênero humano em uma caverna na África do Sul. Estima-se que o hominídeo, batizado de Homo naledi, pode ter vivido há dois milhões de anos, período em que o gênero homo ainda estava sendo formado. Segundo os cientistas a proximidade do hominídeo com a linhagem de ancestrais humanos é encontrada no fato de que, apesar de andar ereto, o Homo naledi ainda se pendurava em árvores.
Foto: National Geographic/Reprodução
Opiáceos de qualidade
Um grupo de biólogos americanos descobriu uma nova forma de produzir opiáceos – substâncias usadas em princípios ativos de analgésicos e tranquilizantes. O processo consiste em alterar geneticamente um tipo de fungo, a levedura. Essa técnica facilita a produção de opiáceos de qualidade. No entanto, os cientistas estão preocupados com tamanha facilidade, pois esse processo permite que heroína e morfina sejam produzidas com mais facilidade de em maior escala.
Foto: VEJA.com/Divulgação
Lava profunda
As erupções vulcânicas são as responsáveis pela formação de ilhas e montanhas. Nesse processo, placas tectônicas sobrepõem a uma camada de lava, que está presente no interior da Terra. No entanto, até 2015, os cientistas ainda não sabiam se essa “cama” de lava era rasa ou se penetrava as profundezas do planeta. Neste ano, durante um estudo sobre terremotos, cientistas descobriu que as camadas de lava são bem profundas: algumas chegam a ater 800 quilômetros de profundidade.
Foto: Antonio Parrinello/Reuters
Genoma do Homem de Kennewick
Em 2015, pesquisadores sequenciaram o genoma do fóssil do Homem de Kennewick. O procedimento revelou que o indivíduo tinha relação com uma das tribos indígenas que habitava os Estados Unidos – local onde ele foi mumificado pelo gelo. Além disso, o Homem de Kennewick, que vive há 8500 anos, está diretamente conectado com os povos asiáticos polares que atravessaram o Estreito de Beringo há cerca de 15 mil anos.
Foto: Grant Delin/Smithsonian/Divulgação
Fonte imagem: A CRISPR foi usada para a criação dos primeiros embriões humanos geneticamente modificados.(Yorgos Nikas/Science Photo Library/Divulgação)
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