Estratégias de prevenção e controle da mastite clínica - Agron Agronégocios Online

Estratégias de prevenção e controle da mastite clínica

Compartilhar

Como prevenir a mastite clínica, principal doença das vacas leiteiras e que causa alterações no leite e no úbere?

A mastite é uma doença que acomete uma alta proporção de vacas leiteiras em todo o mundo, se tornando um desafio para todos os profissionais que atuam na área.

Diferente de algumas doenças, são vários os microrganismos (na maioria das vezes bactérias) que são capazes de infectar o úbere e – assim que isso ocorre – eles se multiplicam e produzem substâncias prejudiciais que normalmente resultam em processos inflamatórios; redução na produção de leite e alteração na qualidade do leite.

Como são vários os patógenos que podem ocasionar a mastite, o controle não é tão simples e as perdas econômicas podem ser consideráveis. É por esses e outros variados motivos que o produtor deve se proteger contra esse adversário, afastando assim, problemas desnecessários.

Alterações visíveis no leite e nos tetos: características típicas da mastite clínica


Para iniciar o tema, é interessante pontuar que a mastite clínica normalmente se caracteriza por anormalidades perceptíveis a olho nu tanto no leite quanto nos quartos mamários, estes, que podem inchar,  ficar vermelhos e quentes.

 Além da palpação da região do úbere, o teste da caneca é uma técnica prática, fácil e rápida que deve ser usada no dia a dia da fazenda, já que detecta alterações como presença de grumos, pus e mudança na cor no leite. Também podem ocorrer outros sintomas na vaca como:

  • febre;
  • prostração;
  • desidratação;
  • diminuição do consumo;
  • queda na produção leiteira e;
  • em casos mais graves, a morte.

Além disso, pesquisas apontam que vacas diagnosticadas com mastite clínica apresentaram intervalos mais longos entre os partos, maiores perdas gestacionais e diminuição dopercentual de gordura do leite em comparação com vacas saudáveis. De acordo com os sintomas, o grau da mastite pode ser classificado em leve, moderado e grave.

E como controlar e prevenir a mastite clínica?

Prevenir novos casos e eliminar os existentes  é uma das melhores saídas para fazer com que a mastite passe longe da fazenda de produção de leite.

Nessa linha, uma das ferramentas que contribui para controlar a doença é a cultura microbiológica do leite, que tem como objetivo principal a identificação e isolamento dos microrganismos presentes no rebanho, sendo considerada como método padrão para o diagnóstico dos agentes causadores de mastite.

A identificação do agente causador da mastite é útil para recomendações de tratamento e/ou descarte da vaca e, principalmente, para a adoção e monitoramento de medidas de controle. Reconhecer com clareza o inimigo com o qual estamos lidando auxilia em protocolos mais eficientes, reduz o uso de antibióticos e o descarte de leite, fatores que impactam diretamente no bolso do produtor e gerenciamento da doença.

Na mastite clínica, além dos fatores de risco, como características do animal, ambiente e procedimentos de manejo, é de extrema importância a avaliação e manutenção constante do equipamento de ordenha e, como já citamos acima neste artigo, do reconhecimento dos patógenos causadores das mastites por meio da cultura na fazenda.

Outro ponto a ser levado em consideração é a  higiene no momento da ordenha. Ela consiste nas etapas de limpeza e desinfecção dos tetos com pré-dipping, exame dos primeiros jatos de leite antes da ordenha, secagem dos tetos com toalhas descartáveis, início da ordenha propriamente dita e manejo da vaca pós ordenha, utilizando pós-dipping. Este último, é eficaz tanto para combater microrganismos da mastite contagiosa, através da desinfecção dos tetos, quanto da mastite ambiental, evitando a entrada de microrganismos provenientes do ambiente.

Por isso, é importante que o produtor de leite tenha a real consciência da importância dessas ações que devem ser seguidas para, assim, também treinar os seus funcionários para este momento.

Ainda abordando o tema prevenção, uma outra medida é realizar o manejo correto na secagem das vacas, já que o início e final deste período são os de maior risco para que as infecções intramamárias se instalem já que o úbere está mais suscetível. O controle de mastite no período seco tem por finalidade diminuir o número de mamas doentes na próxima lactação, eliminar infecções intramamárias existentes e impedir novas infecções durante o período seco.

Resumindo, prevenir sempre é o melhor remédio! Vale sempre a equipe se atualizar sobre o tema e contar ferramentas que ajudem no dia a dia da leiteria. Além disso, manter o rebanho saudável também contribui para o bem-estar animal, tema de extrema relevância para a produção animal no presente e no futuro.

O que lemos para escrever esse artigo:

Boujenane I.El Aimani J.By K.Effects of clinical mastitis on reproductive and milk performance of Holstein cows in Morocco..Trop. Anim. Health Prod. 2015; 47 (25367278): 207-211 10.1007/s11250-014-0711-5.

FERREIRA, G. A.; GUIRRO, E. C. B. P.; BLAGITZ, M. G.; LIBERA, A. M. M. P. D. Estratégias de prevenção da mastite bovina no período de transição. Veterinária em Foco; Canoas; v.12; n.2, jan/jun, p. 80-91, 2015.

Kumar N.Manimaran A.Sivaram M.Kumaresan A.Jeyakumar S.Sreela L.Mooventhan P.Rajendran D.Influence of clinical mastitis and its treatment outcome on reproductive performance in crossbred cows: A retrospective study.Vet. World. 2017; 10 (28620250): 485-492. 10.14202/vetworld.2017.485-492.

LANGONI, H. Qualidade do leite: Utopia sem um programa sério de monitoramento da ocorrência de mastite bovina. Pesquisa Veterinária Brasileira. 33(5), maio, p. 620-626, 2013.

MEIN, G. A. The role of the milking machine in mastitis control. Veterinary Clinics of North America, Food Animal Practice – Mastitis in Dairy Cows. Elsevier, Philadelphia – USA. v.28, n.2, p. 307-320, 2012.

Ruegg, P. L. 2003. Investigation of mastitis problems on farms. Vet. Clin. North Am. Food Anim. Pract. v. 19, p. 47 – 73.

Autoria do artigo:

Raquel Maria Cury Rodrigues, Zootecnista pela UNESP de Botucatu e especialista em Gestão da Produção pela Ufscar.


Compartilhar

🚀 Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? ✅ 👉🏽 Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp ( clique aqui ), ( clique aqui ) ou Telegram Portal Agron ( clique aqui ), Telegram Pecuária ( clique aqui ) , Telegram Agricultura ( clique aqui ) e no nosso Twitter ( clique aqui ) . 🚜 🌱 Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias ( clique aqui )

  • Se o artigo ou imagem foi publicado com base no conteúdo de outro site, e se houver algum problema em relação ao conteúdo ou imagem, direitos autorais por exemplo, por favor, deixe um comentário abaixo do artigo. Tentaremos resolver o mais rápido possível para proteger os direitos do autor. Muito obrigado!
  • Queremos apenas que os leitores acessem informações de forma mais rápida e fácil com outros conteúdos multilíngues, em vez de informações disponíveis apenas em um determinado idioma.
  • Sempre respeitamos os direitos autorais do conteúdo do autor e sempre incluímos o link original do artigo fonte. Caso o autor discorde, basta deixar o relato abaixo do artigo, o artigo e a imagem será editado ou apagado a pedido do autor. Muito obrigado! Atenciosamente!
  • If the article or image was published based on content from another site, and if there are any issues regarding the content or image, the copyright for example, please leave a comment below the article. We will try to resolve it as soon as possible to protect the copyright. Thank you very much!
  • We just want readers to access information more quickly and easily with other multilingual content, instead of information only available in a certain language.
  • We always respect the copyright of the content and image of the author and always include the original link of the source article. If the author disagrees, just leave the report below the article, the article and the image will be edited or deleted at the request of the author. Thanks very much! Best regards!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Conteúdo protegido!