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O sorgo biomassa é a bola da vez

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O sorgo biomassa é uma fonte renovável de energia, com ciclo anual possibilita maior flexibilidade no uso da terra.

 

No início de 2014, o valor do megawatt-hora da energia no mercado de curto prazo (spot) bateu recorde, ultrapassando os R$ 800,00. No começo de junho, o preço da energia de curto prazo teve queda, principalmente por conta da melhora nas previsões de chuvas. Uma esperança de recomposição da capacidade dos reservatórios. Outro motivo é a redução da estimativa do consumo de eletricidade.

 

Apesar disso, o preço da energia no mercado spot continua elevado, tornando-se uma alternativa interessante de renda para culturas agrícolas que são fonte de biomassa para geração de energia elétrica.

 

O sorgo é uma delas. Mas não é qualquer tipo de sorgo, e sim, preferencialmente, um tipo de planta com maio potencial de crescimento – abundante em matéria seca, característica responsável pelo fornecimento de energia -, dotada de muitas folhas, caule fibroso e chega a mais de cinco metros de altura.

 

Trata-se do sorgo biomassa, que tem sido objeto de estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), e de companhias multinacionais como Ceres, Monsanto e NexSteppe, que enxergam um grande potencial para essa cultura no País.


 

O sorgo biomassa é uma fonte renovável de energia. Com ciclo anual, possibilita maior flexibilidade no uso da terra. Outras vantagens são o plantio feito por sementes e a possibilidade do uso do grão para produção de ração animal. Segundo Flávio Tardin, pesquisador da Embrapa no Mato Grosso, essa planta tem alta capacidade de fornecer energia. “Essa capacidade é medida pelo poder calorífico superior, que chega a 4.000 kcal/kg de matéria seca, valor considerado alto para os estudos energéticos”, explica Tardin.

 

O poder calorífico é menor do que o da lenha de reflorestamento, que chega a atingir 4.500 kcal/kg. No entanto, o eucalipto cultivado para uso da biomassa demora de três a quatro anos para ser cortado, enquanto o sorgo é colhido no período de cinco a oito meses após o plantio, dependendo da região. Além disso, a produtividade do sorgo pode ser superior à do eucalipto. Pesquisas realizadas na Embrapa Milho e Sorgo demonstram a produção de até 60 toneladas de matéria seca por hectare.

 

Sorgo na cogeração de energia

Quando companhias como Ceres e NexSteppe começaram a trabalhar o sorgo como negócio no Brasil, o sorgo biomassa era apenas um coadjuvante. O principal produto era o sorgo sacarino, que pode ser utilizado como matéria-prima para a produção de etanol, como a cana-de-açúcar. As empresas têm trabalhado para mostrar para produtores canavieiros e usinas sucroenergéticas de que o sorgo sacarino pode ser boa opção se produzir etanol na entressafra, utilizando estrutura semelhante à já aplicada para colher e processar a cana.

 

Essa proposta continua sendo trabalhada junto às usinas, com vários campos de experimentação com sorgo sacarino, mas o sorgo biomassa agora é a bola da vez.

 

Pela eficiência na produção de energia elétrica e a escalada dos preços da energia spot, o sorgo biomassa despertou interesse de vários empresários, dispostos a investir na cultura. Considerando principalmente que a remuneração do setor sucroenergético com etanol e açúcar está achatada, a cogeração de energia constitui-se em fonte de renda interessante para as usinas de cana-de-açúcar.

 

Mesmo que os preços da energia no curto prazo caiam, a expectativa do mercado para o patamar de consumo de energia é consistente. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 0,9% em 2012 e 2,3% em 2013, o consumo de energia elétrica brasileiro aumentou 3,5% em 2012 e 2013. Além disso, não apenas no spot, mas também o mercado contratado pode ser uma alternativa lucrativa para quem cogera energia, principalmente caso ocorram avanços no modelo dos leilões de energia de biomassa.

 

Segundo Ricardo Somazz Reis, do departamento de Marketing da Ceres, o sorgo alta biomassa tem maior atratividade no momento do que o sorgo sacarino. A empresa tem mais de 40 áreas entre comerciais e experimentais espalhadas no Centro-Sul do País, tanto com sacarino como biomassa. “Com o preço da energia spot, produzir sorgo biomassa é atrativo através da cogeração de energia.”

 

A Ceres está completando 4 anos de Brasil e concluirá até junho sua safra comercial de híbridos de Sorgo Sacarino Blade e Sorgo Alta Biomassa Blade.  Em relação ao híbrido dedicado para a produção de biomassa já comercializado pela Ceres, a empresa ressalta que o produto apresenta hoje 23% de fibra em sua composição e um potencial de produtividade média de até 42 toneladas por hectare a 50% de umidade.

 

Outro player que está de olho no potencial do sorgo biomassa no País é a NexSteppe. “A perspectiva do aumento de área plantada com biomassas dedicadas é grande desde que a matéria-prima proposta atenda o mercado em custo, facilidade de cultivo e boa geografia para avanço. O crescimento da população requer da área agrícola mais alimentos e também maior produção de energia”, afirma Tatiana Gonsalves, diretora comercial da NexSteppe no Brasil.

 

O sorgo biomassa, quando comparado a outras culturas alternativas, destaca-se por atender a necessidade do mercado em seus quesitos básicos : custos, cultivo e geografia, além de possuir ampla base genética e rápido ciclo de melhoramento, fundamental para se produzir plantas dedicadas. Palo Alto, nome comercial do sorgo biomassa da Nexsteppe, é especialmente desenvolvido para atender o mercado de biocombustão.

 

Biomassa que vale ouro

Segundo Edson Corbo, gerente agronômico no Brasil da NexSteppe, hoje a procura está muito grande pelo sorgo biomassa. “Clientes que não plantaram esse sorgo no final do ano passado agora estão nos procurando dizendo que têm interesse em conhecer a cultura.” Os motivos desse crescimento da demanda seriam dois, segundo Corbo: o maior conhecimento por esse tipo de sorgo e a crise energética que o Brasil tem enfrentado. “A biomassa está valendo ouro. O sorgo biomassa realmente é a bola da vez.”

 

Ele relata que hoje, o custo em se produzir o sorgo biomassa e colocá-lo na usina está entre R$ 40 e R$ 60 por tonelada de matéria-prima. “Para perceber o nível da rentabilidade, basta comparar esse custo com o patamar do megawatt-hora atualmente.”

 

A NexSteppe teve mil hectares plantados com sorgo biomassa na safra 2013/2014 – a primeira safra comercial da companhia no País. “Se a área vai crescer no próximo ano vai depender dos nossos clientes, estamos preparados com semente para atender essa demanda.”

 

Um desafio que ainda existe, segundo ele, é o desconhecimento sobre o sorgo biomassa e suas vantagens comerciais. “Muitos produtores ainda associam o sorgo biomassa com o sorgo sacarino, mas são plantas totalmente diferentes. O biomassa ainda é um material novo no mercado.”

 

O executivo da NexSteppe lembra que o sorgo sacarino era a grande estrela da companhia no Brasil. “O sacarino não acabou, é um negócio que continua em desenvolvimento, mas pela demanda de energia, o mercado está mais interessado no biomassa.”

 

Fonte: Universo Agro. Autor: Clivonei Roberto.


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