Mais cor e sabor no morango de Piedade

Mudas importadas da Argentina e do Chile dão frutos adocicados e produzem por mais tempo
 
Graúdos, doces e com cor vermelha intensa. É com morangos assim que os produtores de Piedade, na região de Sorocaba, a 85 quilômetros de São Paulo, querem conquistar o consumidor. Sem a preocupação de produzir em larga escala, eles sofisticaram o sistema de cultivo e estão obtendo frutos de alta qualidade.
 
As mudas são importadas e parte das plantas frutifica em estufas do tipo túnel. Os frutos são vendidos com a assinatura do produtor na embalagem. "Queremos que o consumidor reconheça o morango de Piedade pela qualidade", diz o produtor e agrônomo da Casa da Agricultura, Osmar Borzachini.
 
Piedade voltou a liderar a produção de morango no Estado, segundo o Instituto de Economia Agrícola. Em 2009, produziu 2,6 milhões de caixas de 4 quilos, superando Jarinu e Atibaia, grandes produtores.
 
A retomada na produção do morango de mesa, que vinha perdendo espaço desde a década de 1980 em razão da queda na qualidade das variedades japonesas tradicionais, teve início há oito anos. Com o uso de cultivares importadas dos EUA, o perfil da cultura no município começou a mudar. Conforme Borzachini, eram cultivares adaptadas às temperaturas mais elevadas, com bom tamanho, cor e tempo de prateleira. Faltava serem mais doces.
 
Em 2006, foram trazidas mudas aclimatadas e produzidas no Chile e na Argentina, na fria região da Patagônia. A planta se adaptou muito bem ao clima de Piedade. Surpresos, os produtores viram o morangueiro carregar de frutos em áreas do município onde antes não produzia. Novos agricultores aderiram à lavoura. A faixa de plantio foi ampliada, abrangendo também terrenos mais baixos e quentes. A sazonalidade foi fortemente reduzida. "Em 2008, tivemos produção de morango o ano todo", conta.
 
Os produtores foram atrás de novas tecnologias, como a irrigação por gotejamento, com os dutos enterrados no canteiro, e o túnel baixo de plástico, que funciona como barreira para a ação do sol e o excesso de umidade, prolongando o ciclo da planta. Como se torna produtivo durante mais tempo, o mesmo morangueiro produz até 50% mais.
 
Da Patagônia. O agrônomo Borzachini cultiva 40 mil plantas formadas a partir de mudas procedentes da Patagônia argentina e obtém até 1 quilo de frutos por unidade. Até agora, as mudas chilenas e argentinas têm mantido um desempenho melhor que as brasileiras. Enquanto as variedades multiplicadas no Brasil rendem média de 750 gramas por planta, as dos países andinos produzem 1 quilo. O custo, porém, é maior: as plantas sul-americanas saem a R$ 0,36 por unidade, praticamente o dobro das brasileiras. As mudinhas chegam aqui em caixas de papelão com mil unidades, após transpor os Andes a bordo de caminhões com refrigeração. Borzachini calcula em R$ 3,60/planta o custo final de formação da lavoura de morangos com o uso de gotejamento, túnel e mudas importadas.
 
No preço atual, a renda por planta chega a R$ 5, mas, entre setembro e outubro, quando o produto escasseia, o preço pode dobrar. "A vantagem de produzir o ano todo é obter uma boa média de preço."
 
Conforme o agrônomo, os produtores estão se organizando para comprar mudas, insumos e embalagens em conjunto. Com isso, cada um paga menos pelos materiais. Eles também adotaram padrões de comercialização, como a disposição dos frutos em cumbucas ou bandejas com a identificação do produtor. A prática tem levado os produtores a uma sadia disputa pela melhor qualidade. "Nosso morango já é visto como um produto diferenciado."
 
SOBE…
Mudas andinas
Mais produtivas
É possível colher até 1 quilo por planta. Além disso, dão frutas graúdas e mais doces.
 
…e DESCE
Mudas brasileiras
Menos produtivas
Colheita rende em média 750 gramas por planta, que não suporta altas temperaturas.
 
 
Fonte: O Estado de São Paulo

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