O que são Boas Práticas Agronômicas?

As Boas Práticas Agronômicas são um conjunto de técnicas de manejo que ajudam o agricultor a ter mais eficiência e a fazer o uso sustentável da biotecnologia no campo. São elas:

Dessecação pré-plantio

Sementes certificadas

Tratamento de sementes

Refúgio Agrícola


Controle de plantas daninhas

Monitoramento de pragas.

A aplicação das Boas Práticas em conjunto com a adoção de sementes resistentes a insetos (Bt) contribui para a redução de perdas em culturas de soja, milho e algodão transgênicos. Isso aumenta a produtividade e qualidade do produto final.

Dessecação pré-plantio

A dessecação pré-plantio é a dessecação realizada antes do plantio. A técnica evita que culturas antecessoras, plantas daninhas e voluntárias presentes no ambiente de plantio Bt hospedem pragas que possam atacar a plantação em suas fases iniciais de desenvolvimento. A existência de plantas que podem servir de abrigo para pragas é um dos fatores que pode resultar em aumento de espécies resistentes à tecnologia Bt, colocando em risco a lavoura.

Recomenda-se fazer a dessecação 30 dias antes do plantio. Assim proporciona-se maior eficiência no uso de inseticida na segunda dessecação (antes da semeadura). O momento ideal para a aplicação também pode variar de acordo com a região em que está localizada a lavoura, por causa das condições climáticas.

Na primeira ocorrência, a cobertura verde diminui sua intensidade, eliminando o efeito guarda-chuva para o inseticida. A prática reduz a população inicial de pragas e controla lagartas resistentes, mesmo que em estágios mais avançados. Isso evita danos para o produtor.

Além disso, a dessecação pré-plantio torna o corte da palhada pela plantadeira mais fácil e faz com que a palhada seca permaneça no período de germinação da cultura – ajudando a proteger o solo de umidade.

Benefícios da dessecação pré-plantio

Uniformidade de maturação;

Antecipação da colheita (podendo variar entre 3 e 7 dias);

Aumento de qualidade dos grãos colhidos;

Facilidade no manejo das plantas daninhas;

Redução de perdas na colheita.

Sementes Certificadas

O processo de certificação tem como objetivo a produção de sementes com controle de qualidade garantido em todas as etapas, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações, conforme define o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O uso de sementes certificadas garante o desempenho da variedade plantada.

A utilização de semente certificada é a primeira e mais importante decisão no que diz respeito ao Manejo de Resistência de Insetos (MRI). Isso garante ao produtor segurança sobre o grão cultivado e seus benefícios.

É altamente desaconselhável o uso de sementes ilegais. A escolha pode reduzir a produtividade da lavoura e também aumentar o risco de propagação de insetos e outras pragas. Esse tipo de semente também encarece a produção, pois geralmente demanda uma maior aplicação de defensivos agrícolas. O MAPA realiza ações para fiscalizar a pirataria de sementes, tanto na produção quanto na comercialização.

Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é feito com aplicação de ingredientes químicos e/ou organismo biológicos nas sementes. A técnica protege o potencial genético do grão, ajudando a controlar e até evitar pragas e doenças na lavoura, além de auxiliar o estabelecimento das plantas não Bt nas áreas de refúgio. As sementes tratadas são exclusivamente para plantio, e não para alimentação humana ou animal.

Reguladores de crescimento, revestimento de sementes, corantes, inoculantes, micronutrientes e agentes de proteção a herbicidas também são considerados tratamento de sementes.

Para que a técnica seja eficaz é importante fazer a escolha certa do produto químico. O recomendado é a utilização de produtos de amplo espectro, que proporcionem um controle eficiente de pragas. Além disso, recomenda-se que o produtor leia com atenção a bula do produto químico que pretende comprar, assim como as etiquetas de identificação das sementes quando tratadas e embaladas.

Benefícios do tratamento de sementes

Controle de pragas e doenças na fase inicial da cultura;

Manutenção do estande inicial da lavoura;

Auxílio no estabelecimento de plantas não Bt nas áreas de refúgio.

Adoção de áreas de refúgio agrícola

O refúgio agrícola é a principal ferramenta para retardar e evitar a instalação de populações de insetos-praga resistentes à tecnologia Bt. A técnica consiste na plantação de um percentual de semente convencional (soja, algodão, milho ou cana) em uma lavoura de sementes transgênicas Bt (Bacillus thuringiensis).

O refúgio deve ser feito na mesma propriedade e na mesma época em que a plantação da cultura Bt, e, preferencialmente, mantendo o mesmo sistema de produção. As plantas devem ser da mesma espécie, possuindo porte e ciclo iguais aos das plantas Bt. Caso as espécies não sejam as mesmas, recomenda-se que sejam o mais próximas possíveis.

A adoção de áreas de refúgio tem como objetivo a sustentabilidade do sistema de produção e a rentabilidade do agricultor. Ao implantar áreas de refúgio, insetos resistentes e não resistentes irão cruzar, resultando em uma prole de indivíduos sensíveis à tecnologia Bt. A adoção do refúgio preserva a eficiência da semente Bt, trazendo benefícios a médio e longo prazo ao produtor.

Para cada cultura Bt plantada, há uma porcentagem recomendada em relação a área total cultivada na propriedade. Para o algodão, soja e cana recomenda-se 20% e para o milho o indicado é 10%.

Controle de plantas daninhas

O controle de plantas daninhas está entre as Boas Práticas Agronômicas pois algumas plantas podem hospedar insetos-praga, permitindo que uma grande quantidade sobreviva e ataque a plantação. As plantas daninhas também são consideradas hospedeiras de lagartas em estágios em que é mais difícil controlá-las com a tecnologia Bt.

Práticas que ajudam no controle de plantas daninhas

Comece a cultura no limpo, fazendo um controle efetivo antecipadamente no pré-plantio. Se necessário, utilize um pré-emergente em áreas que apresentem maior quantidade de plantas daninhas;

Não deixe áreas em pousio: utilize as práticas integradas de manejo durante todo o ano;

Utilize a dose correta de aplicação de produtos no momento recomendado;

Use o manejo pós-colheita, associando herbicidas com diferentes mecanismos de ação;

Monitore sempre os resultados da sua lavoura conforme a estratégia de manejo escolhida. Isso evita que você tenha trabalho dobrado na próxima safra;

Evite a disseminação de sementes pelos implementos agrícolas.

Monitoramento de pragas

A prática do monitoramento indica a situação das pragas, avalia os danos e prejuízos e ajuda a definir quando o defensivo agrícola deve ser aplicado. O monitoramento faz parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que aliado com a área de refúgio constitui a base para a sustentabilidade da tecnologia Bt. O monitoramento de pragas é uma técnica essencial para preservar a eficácia do refúgio e auxiliar na tomada de decisão.

O monitoramento deve ser feito, pelo menos, uma vez por semana para garantir a produtividade da plantação. Juntamente com o MIP, a implementação do programa de Manejo de Resistência de Insetos (MRI), usado especificamente para evitar insetos resistentes às proteínas Bt, é essencial para o controle de pragas.

Por que devo adotar as Boas Práticas Agronômicas?

Quando o agricultor planta sementes Bt ele elimina os insetos sensíveis à proteína Bt. Porém, se o produtor continuar a usar esse método de controle de pragas sem parar por safras contínuas, vai selecionar os insetos resistentes.

Se o produtor utilizar em mais de uma safra o mesmo método, a cada safra uma parte maior de insetos resistirá. Após algumas safras, a tecnologia não será mais eficaz e o agricultor poderá perder a lavoura por conta do ataque de insetos.

Dessa maneira, a eficiência das sementes Bt pode ser comprometida caso o produtor lance mão, safra após safra, do mesmo método de controle. Por isso é fundamental que os produtores agrícolas sigam corretamente as recomendações das Boas Práticas Agronômicas.

O Brasil tornou-se o segundo maior produtor de transgênicos do mundo porque o produtor viu que a tecnologia Bt funciona. Entretanto, esse desempenho pode estar em risco sem a adoção das Boas Práticas Agronômicas.

Benefícios das Boas Práticas Agronômicas

Sustentabilidade da tecnologia Bt;

Maior eficiência no campo;

Maior qualidade no produto final;

Facilidade no manejo;

Menor tempo gasto em operações;

Redução de perdas na lavoura;

Otimização do uso de defensivos agrícolas.

É importante ressaltar que para obter os resultados esperados é preciso adotar todas as Boas Práticas Agronômicas, e não apenas uma.

Fonte: Equipe Mais Soja.

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