Manejo de ferrugem é manejo de comunidade

A ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo (Phakopsora pachyrhizi) é uma das principais e mais preocupantes doenças da soja, podendo ocorrer em qualquer estádio do desenvolvimento da cultura, havendo condições adequadas para seu desenvolvimento. Segundo Godoy et al. (2020), os danos ocasionados pela doença podem variar de 10 a 90% dependendo da severidade da doença, podendo em casos mais severos, comprometer a produtividade da cultura.

O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessárias no mínimo seis horas, com um máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar. Temperaturas entre 18 ° C e 26,5 ° C são favoráveis para a infecção (Henning et al., 2014).

Segundo Grigolli (2015), diferente de outras doenças fungicas, a ferrugem-asiática não necessita de estômatos, ferimentos ou lesões para infectar a folha. Ela penetra diretamente através da cutícula e epiderme, tornando a infecção mais rápida e fácil.

Conforme recomendações do Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas – FRAC, todo o programa de controle da ferrugem-asiática deve ser iniciado de forma preventiva à ocorrência da doença. Contudo, em virtude das condições climáticas observadas na safra 2020/2021, tem-se observado a baixa pressão de inoculo da doença, fato que resulta em uma falsa sensação de segurança ao produtor, que conforme destacado por Marcelo Madalosso, vem flexibilizando o manejo da ferrugem, não realizando aplicações preventivas, principalmente em áreas de pivô.

Madalosso explica que a não aplicação de fungicidas em soja cultivada sob condições de pivô, pode causar sérios danos à soja de sequeiro, isso por que a soja cultivada em condições de sequeiro em sua grande maioria encontra-se em início do desenvolvimento em virtude do atraso na semeadura, especialmente no Rio Grande do Sul. A não utilização de fungicidas em áreas irrigadas, as quais encontram-se em estádios mais avançados do desenvolvimento pode resultar em um aumento da pressão de inoculo para as áreas de sequeiro, fato que pode proporcionar maiores chances para o desenvolvimento da doença.


Assim como recomendações do FRAC-BR, Madalosso chama atenção para o manejo conjunto da ferrugem asiática, sendo essencial que propriedades vizinhas também adotem práticas de manejo eficiente para evitar o desenvolvimento dessa doença tão devastadora, “manejo de ferrugem é manejo de comunidade”. Sendo assim, o manejo da ferrugem, por meio de aplicações preventivas é de extrema importância, mesmo em áreas com baixa pressão de inoculo.

Referências:

FRAC-BR. NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas. Disponível em: < https://www.frac-br.org/soja >, acesso em: 31/12/2020.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2019/2020: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 160, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1124331/eficiencia-de-fungicidas-para-o-controle-da-ferrugem-asiatica-da-soja-phakopsora-pachyrhizi-na-safra-20192020-resultados-sumarizados-dos-ensaios-cooperativos >, acesso em: 31/12/2020.

GRIGOLLI, J. F. J. MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/216/216/newarchive-216.pdf >, acesso em: 31/12/2020.

HENNING, A. D. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 5, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 31/12/2020.

Fonte: Equipe Mais Soja.

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