Uso de defensivos agrícolas, você é a favor ou contra?

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O uso de defensivos agrícolas aumenta a incidência de doenças na população?

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A segurança no uso de defensivos agrícolas é assegurada por meio da realização de estudos científicos rigorosos, seguindo protocolos internacionais dos quais o governo brasileiro é signatário. São estudos toxicológicos que avaliam os efeitos da exposição aguda, que ocorre em um período de até 24 horas (toxicidade oral, dérmica, inalatória, irritação ocular e dérmica, e sensibilização dérmica); subcrônica, que ocorre num período de um a seis meses (toxicidade dérmica e oral com doses repetidas); e crônica, que ocorre por um longo período de tempo, incluindo parâmetros relacionados ao câncer. Além disso, são efetuados estudos para avaliar riscos de má formação em fetos (teratogenicidade) e mutações genéticas.

Âmbito da indústria de defensivos agrícolas, a busca contínua é por produtos cada vez menos tóxicos, tanto ao ser humano quanto ao meio ambiente. Pesquisas são conduzidas visando à adaptação dos produtos existentes e o desenvolvimento de novas moléculas, resultando em produtos cada vez mais seletivos e passíveis de utilização em diversas culturas agrícolas.


Para evitar casos de intoxicação por ingestão acidental de defensivos, a FAO permite para certos ingredientes ativos de defensivos agrícolas a adição de uma substância que provoca vômito em caso acidental de ingestão. Trata-se de uma ação preventiva em casos de intoxicações acidentais ou por tentativas de suicídio, uma vez que é comum que as pessoas recorram equivocadamente aos produtos químicos em geral para essa finalidade.

Nos últimos anos, tem circulado a informação tendenciosa de que o uso de defensivos agrícolas está associado ao aumento da incidência de câncer na população. Entretanto, o registro de um ingrediente ativo está condicionado ao fato do mesmo não ser carcinogênico, conforme atestado por um criterioso processo de avaliação estabelecido no Brasil de acordo com normas internacionais. Além disso, nas últimas quatro décadas, a incidência de quase todos os tipos de câncer não sofreu grandes alterações, embora as técnicas de diagnóstico tenham se tornado muito mais eficientes. A exceção é o câncer de próstata, como mostra o gráfico da Associação Americana do Câncer (Figura 1).

Figura 1. Taxa de incidência de câncer entre homens, EUA, 1975-2009.

O Cancer Research UK, um centro de pesquisa em câncer criado em 2002, afirma que “frutas e vegetais algumas vezes contêm pequenas quantidades de pesticidas, mas não há evidência científica de que esses resíduos aumentam o risco de câncer nas pessoas que os consomem”. No caso específico de câncer, que muitas vezes é citado por entidades da sociedade civil como associado ao uso de defensivos agrícolas, nenhum produto é autorizado para produção, comercialização e uso sem a comprovação de que não seja cancerígeno, teratogênico e mutagênico, conforme os critérios exigidos pelos órgãos governamentais.

Quanto aos casos de intoxicação direta, o Ministério da Saúde mantém o Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), uma base de dados oficial que reúne dados de intoxicações por diversos agentes, incluindo os defensivos agrícolas. Nos últimos 10 anos, desde que a notificação no sistema nacional se tornou obrigatória, as notificações de intoxicações por defensivos agrícolas têm representado menos de 10% do volume total de notificações, sendo que nos últimos quatro anos este índice esteve abaixo de 5%.

Ao analisar somente os dados de intoxicações por defensivos agrícolas, verificamos que, nos últimos 10 anos, ocorrem em média 3.600 notificações anuais, envolvendo diversas circunstâncias. Dentre estas, 80% dos casos tem evolução de cura sem sequelas, mesmo considerando que 39% das notificações (em média) estão relacionadas à circunstância de tentativa de suicídio. De maneira mais específica, no ano de 2017 foram registradas 4.003 notificações, com 3.205 casos resultando em evolução de cura sem sequela, mesmo com 1.449 tentativas de suicídio.

Outro aspecto importante a ser considerado é a necessidade de uso de defensivos fora do âmbito da agricultura. A proliferação de pragas, por exemplo, afeta seriamente a saúde pública, com em surtos de dengue, zika, chikungunya, febre amarela e malária. Dessa forma, a ciência incorporada aos agroquímicos também contribui para preservar a saúde pública nos centros urbanos, controlando pragas e doenças de alto risco. Um exemplo disso é a decisão de vários governos da África em manter a permissão de uso do DDT, uma substância altamente tóxica e proibida em vários países, inclusive no Brasil, para o controle da malária.

Esse texto foi produzido com base em um informe técnico do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a principal entidade representativa do setor de defensivos agrícolas no Brasil há mais de 75 anos. O material completo encontra-se disponível em: https://sindiveg.org.br//srv/htdocs/wp-content/uploads/2020/08/SINDIVEG_Paper_REV_FINAL_2020_bxresolucao.pdf

Revisão: Prof. Jonas Arnemann, PhD. e coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Referências:

Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG).

2018. O que você precisa saber sobre defensivos agrícolas. Disponível em: http://sindiveg.org.br/wpcontent/uploads/2018/08/oquevoceprecisasabersobredefensivosagricolas.pdf

Fonte: Equipe Mais Soja. Por: Henrique Pozebon.


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